See now, buy now, entenda o fenômeno
Já pensou em ver uma coleção nova em um desfile e no dia seguinte poder comprar uma peça dela? Ou até mesmo várias?
É essa a proposta do modelo “see now, buy now”, que traduzindo significa “veja agora, compre agora”. Em uma era imediatista e conectada, onde podermos ter acesso a tudo e a todos sem sair de casa, o modelo de vendas praticamente instantâneo aos lançamentos é unir o útil ao agradável: evita cópias antes do lançamento e também fomenta ainda mais as vendas, pois o desejo de ter as peças está fresco na cabeça dos consumidores.
Mas ainda assim é um fenômeno controverso e que ainda vai render muito debate. A Paris Fashion Week já se posicionou contrária ao modelo e grifes como Dior e Chanel também. A opinião dos que não apoiam é de que não há tempo hábil para antes dos desfiles terem a coleção pronta para venda e ter a mesma qualidade na fabricação. Os produtos levam cerca de quatro meses para ficarem prontos após os desfiles, e, além disso, há o trabalho editorial e jornalístico para divulgação e o tempo dos varejistas fazerem seus pedidos.
Para Karl Lagerfeld, da Chanel, o estado do mundo da moda atual “é uma bagunça!”, pois há semanas de moda como NY aderindo ao movimento e as de Milão e Paris, mais conservadoras, mantendo o modelo padrão de venda das coleções seis meses depois.
Miuccia Prada recentemente em entrevista para o Woman’s Wear Daily mostra-se confusa e desabafa:
“Até o momento, não conseguimos ver um sentido para isso. Em seis meses, todo mundo fica sabendo de tudo. Certamente, a nossa forma de trabalhar, com tecidos feitos por nós, que levam dois meses para serem criados, dois meses para a produção ... Demoramos cerca de quatro meses para produzir tudo do desfile até a chegada na loja, para fazer isso de fato bem. Você pode fabricar tudo de qualquer maneira e segurar a divulgação até meses depois; fingir que acabou de ser feito; mas com uma coleção que você cria pelo coração - que tipo de entusiasmo que você pode ter de mostrá-la no desfile? Você vai congelá-la? É um pouco estranho. Você acaba comprando apenas itens seguros; é menos criativo e menos interessante. É verdade que a criatividade está em risco. Ou então você terá que bloquear a comunicação, o que seria contra a tendência. Todos devem ficar em silêncio durante quatro meses, desde os produtores de tecidos até os compradores e jornalistas? Ainda estou para entender como isso pode funcionar.”
Em sua ultima coleção, a grife selecionou três bolsas para venda após os desfiles.
Quem já aderiu?
O fenômeno começou internacionalmente e várias grandes grifes já adotaram esse sistema, outras estão anunciando a adesão para o futuro.
MICHAEL KORS
A grife aderiu ao movimento e em seu desfile de Inverno 2017 uma seleção de peças foi disponibilizada no seu e-commerce. Além disso, a flagship de NY teve uma seção exclusiva para a nova coleção.
MOSCHINO
A grife foi uma das pioneiras nesse novo sistema e diversas peças, desde roupas à acessórios, ficaram disponíveis para compra on-line no site Farfetch após apenas quatro dias do desfile da coleção Fashion Kills.
COURRÈGES
A grife disponibilizou um terço de sua coleção de Inverno 2017 à venda em suas lojas físicas e e-commerce no dia seguinte ao desfile, impressionando a todos, pois a estratégia não havia sido divulgada anteriormente.
PACCO RABANE
No último desfile, coleção Inverno 2017, a marca selecionou sete peças e as colocou à venda no e-commercepróprio.
DVF
Diane também adere ao movimento e selecionou três looks de sua coleção Inverno 2017 para venda em seu e-commerce próprio logo após sua apresentação.
Outras marcas como Rag & Bone e Proenza Schouler selecionaram uma peça chave de suas coleções novas para venda imediata em seus e-commerces.
Já as gigantes Burberry e Balmain anunciaram recentemente sua adesão ao novo sistema para as próximas coleções.
E no Brasil? Nosso país está aderindo rapidamente ao novo sistema: no último Minas Trend, estilistas como Lucas Magalhães e Sonia Pinto disponibilizaram itens de suas coleções para venda imediata; o Veste Rio, nova semana de desfiles de moda do Rio de Janeiro já terá várias coleções à venda para lojistas logo após os desfiles, e por fim, a SPFW já anunciou este ano que em 2017 a principal semana de moda brasileira já estará toda adaptada ao novo formato de vendas.
Em entrevista para a Revista Glamour, Renata Abranchs, fundadora do RIOetc comenta como o fenômeno pode impactar para a moda brasileira: “Enxergo aí uma grande oportunidade de expansão do potencial criativo das nossas marcas somada a uma gestão mais dinâmica. O resultado vai ser o fortalecimento das marcas autorais e a maior intimidade na relação dessas marcas com seus seguidores.”
Para as novas marcas brasileiras, o sistema “see now, buy now” traz muitos benefícios, simplificando a produção para venda à pronta entrega e fomenta mais as vendas, instigando-se a comprar o fresco, o novo.
Fonte: Instituto Burgo Brasil
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